Tabloides Digitais

Inovação no setor de supermercados impulsiona vendas segmentadas

Acompanhar o desenvolvimento de novas tecnologias não é mais sinônimo de diferencial. Agora, é questão de “sobrevivência” quando se trata de negócios e seus mais variados nichos. Os supermercados, por exemplo, começam a apostar em outra forma de anúncio: os tabloides digitais. Indo de encontro aos tradicionais impressos que apresentavam os produtos de modo genérico e sem muitas novidades quanto ao formato, o setor supermercadista adota um caráter mais assertivo e segmentado no intuito de conectar seus produtos em promoções ao que o consumidor está, de fato, buscando.

Marcos Theodoro Siqueira, idealizador do aplicativo Sav@price – ferramenta que ajuda consumidores a encontrar as melhores ofertas em supermercados-, afirma que hoje já é possível classificar os produtos e promoções por sexo, idade, histórico de busca no App, entre diversas outras categorias. “Isso faz o investimento do estabelecimento ser mais certeiro, evitando gastos desnecessários e trazendo maiores lucros”, diz Siqueira. Os tabloides impressos são exemplo da falta de direcionamento quando se trata de atingir diferentes públicos. Eles “são espalhados sem qualquer segmentação”, afirma o empresário.

Em termos de economia, pode-se citar logo de início a dispensa do uso de papel – o que também tem impacto no meio ambiente. Outro fator a ser considerado é o custo do tabloide digital, menos de 10% do que os impressos. Siqueira, que lida diretamente com este nicho de mercado, acredita que o novo formato traz “uma revolução para segmento” e cita a facilidade em encaminhar ofertas específicas para determinas perfis de clientes garantindo, assim, a compra dos produtos com maior eficiência. “Um exemplo que sempre cito é: se o supermercado tem um lote de Leite que está há muito tempo sem ser vendido, o varejista poderá encontrar quem é que consome esse tipo de alimento na sua loja, e também na sua região, e poderá mandar uma oferta ou promoção direcionada para esse público”.

Um app, muitas ofertas, diversos supermercados e seus tabloides digitais

Uma nova funcionalidade lançada recentemente pela Sav@price é a de exibir no próprio app os tabloides digitais dos supermercados listados com suas ofertas e promoções. “As pessoas poderão encontrar as ofertas e promoções nos supermercados que costumam comprar, sem a necessidade de sair de casa e buscar o taloide impresso”, conta Siqueira.

Para implementar mais o serviço prestado, três características devem ser destacadas para quem pretende conhecer a plataforma:

1) Promoções – Os consumidores poderão encontrar todas as ofertas e promoções na região (local e raio em Km) que ele definir. Neste caso, a ferramenta apresentará todas as promoções e ofertas dos supermercados participantes. Essa funcionalidade é útil para quem quer encontrar as melhores ofertas e promoções independente do estabelecimento.

2) Tabloide Digital – o app reúne tabloides digitais dos supermercados cadastrados também segmentados por região. Isso facilita muito quem deseja consumir produtos específicos como, por exemplo, vegetarianos, pessoas com intolerância à lactose, pais que buscam itens para bebês etc. A facilidade de ter tais informativos sempre em mãos – no caso, smartphones – é poder acessar as ofertas em qualquer lugar e momento.

3) Busca de Preços – os usuários podem criar uma determinada lista de compras e encontrar os melhores preços na região escolhida. Neste caso, aparecerão os 3 supermercados com as melhores opções de preços para a lista. Essa funcionalidade é útil para quem quer gastar o menor valor na lista total de compras.

O empresário ainda ressalta que os supermercados poderão participar de todos os itens acima, ou apenas de 1 deles, ou seja, “não existe a necessidade de participar de todos. Isso, porque muitos supermercados ainda têm receio de colocar seus preços na busca, muitas vezes porque não possuem um valor competitivo”, explica Siqueira. Por esta razão o Sav@Price possui as três funcionalidades citadas. Com elas, há diferentes maneiras de se divulgar produtos e promoções. “O nosso objetivo é facilitar a vida dos supermercados e consumidores, possibilitando aumento nas vendas e economia nas compras”, finaliza Siqueira.

O Sav@price possui um portal na internet e aplicativos para iOS (Apple) e Android (Google). Os interessados em conferir as funcionalidades da ferramenta só precisam acessar a página oficial www.savprice.com

Autor: Dino
Fonte: website: Exame.com

Ofertas personalizadas: evoluindo além do tabloide promocional

O tabloide, ou folheto promocional, é um daqueles investimentos em marketing que quase todos os varejistas fazem. Pouquíssimos tem ideia do valor gerado

O tabloide – ou folheto promocional, como às vezes é chamado – é um daqueles investimentos em marketing que quase todos os varejistas fazem. Pouquíssimos, porém, tem uma real ideia do valor gerado.

Frequentemente o tabloide vira um exercício parecido àquele do jogo batalha naval, com varejistas investindo uma energia enorme para preencher quadradinhos de ofertas duramente negociadas com fornecedores.

Na Symphony EYC tenho o privilégio de conversar diariamente com executivos dos maiores varejistas na América Latina. E poucos realmente acreditam no tabloide como uma ferramenta que traz resultados significativos em vendas. O mais intrigante, contudo, é que são ainda mais raros aqueles que tem a coragem de diminuir ou parar esse investimento.

A verdade é que o tabloide tem, a meu ver, dois papeis importantes no varejo: o primeiro é o de gerar bonificações da indústria tradicionalmente acostumada a pagar por quadradinhos no tabloide; e o segundo é ditar com cadência do ciclo promocional dentro da loja. Gerentes se acostumaram a arrumar o espaço físico de acordo com as promoções no tabloide. E a indústria sabe que o tabloide gera melhor distribuição e exposição, por isso se dispõe a pagar razoáveis bonificações por cada quadradinho do folheto promocional. Isso acaba gerando um ciclo vicioso difícil de quebrar.

Mas por que ainda direcionar tanto investimento a um canal de comunicação cuja eficácia é questionada pelos próprios executivos do varejo? Por que não direcionar ao menos parte desse investimento a outros canais de comunicação?

Globalmente, percebo uma tendência clara de realocação de recursos de mídias de massa (TV, rádio, tabloide) para mídias direcionadas e personalizadas (social, marketing direto). Mais precisamente, varejistas redirecionam parte do antes investido em tabloides promocionais para a mídia personalizada.

Hoje, a tecnologia de Big Data permite a criação de versões virtuais personalizadas deste tabloide. Imagine um em que todas as, digamos, 500 ofertas sejam colocadas em uma ferramenta de CRM. O software então se encarrega de selecionar quais as melhores seis ou oito ofertas para cada cliente individualmente.

O Ahold Delhaize, gigante varejista global que opera na Europa, Ásia e Estados Unidos é um bom case do tabloide de ofertas personalizadas. Nos Estados Unidos, onde possui mais de 2.200 lojas, 4,2 milhões de clientes recebem mensalmente ofertas personalizadas em casa, por mala direta ou email. Elas são selecionadas uma a uma, usando um software de big data/CRM.

Outra vantagem das ofertas personalizadas é que, diferente do tabloide, seus resultados são todos mensurados através de grupos de controle. Os números do Ahold impressionam:

  • Em média 50% dos clientes fiéis que recebem essas ofertas vão até a loja e usam pelo menos um dos cupons recebidos (ou seja, a ação cumpriu com o seu papel de gerar uma visita incremental);
  • Essas ações geraram em torno de 100 milhões de dólares em vendas incrementais no ano passado;
  • O programa aumentou a participação da indústria em mais de 5X em relação ao número de ofertas financiadas pela indústria/fornecedores

Importante notar que não só o impacto em vendas é bem significativo, como também a participação de ofertas financiadas pela indústria é consideravelmente alta. Isso mostra o potencial desse canal de comunicação na geração de bonificação (“desculpa” frequente para a manutenção de investimentos no tabloide tradicional).

Não defendo aqui a extinção completa do tabloide. Como disse, esse canal promocional tem papeis importantes na geração de bonificação com fornecedores e na organização do ciclo promocional nas lojas. O que defendo é um maior equilíbrio entre a alocação de verba entre diferentes canais, privilegiando os personalizados, e o uso de tecnologias de Big Data.

Varejistas brasileiros ainda têm muitas oportunidades com a adoção de ofertas personalizadas. A tendência de personalização é forte e os que a adotarem sairão na frente. Afinal, o que você acha que o cliente vai preferir: folhear um tabloide com 20 páginas e 500 ofertas aleatórias ou receber em casa as oito melhores com produtos que ele costuma consumir e com um desconto especial só para ele?

Autor: Adriano Araújo
Fonte: website O Negócio do Varejo

Logística do Tabloide

Como não desperdiçar um dos maiores investimentos do varejo

Responsáveis por 50% da verba publicitária no varejo, os tabloides representam a grande ferramenta de comunicação das marcas com seu público. “Os tabloides são o maior meio de comunicação ao se falar de varejo atualmente”, afirma Wagner Sarnelli, sócio-diretor do instituto Data Popular, um dos maiores especialistas em comunicação de varejo do Brasil.

A maneira com que esse tablóide é feito, seu formato e, principalmente, a forma como ele chega até seu destino final é que ditam como o público enxerga a mensagem que ele veicula. Portanto, se a logística de entrega desse material for mal planejada, ofertas, promoções e várias ações de marketing podem ser descartadas ou nem mesmo chegar até o seu target.

Logística do tablóide

O setor varejista conta hoje com duas ferramentas de logística para seus tabloides: entrega porta a porta ou a distribuição via geoprocessamento. Ambas têm a distribuição realizada por áreas – que são classificadas de acordo com a proximidade do ponto de venda e recebem os nomes de primária, secundária e terciária.

“A distribuição por áreas feita no modelo porta a porta pode ter um menor custo, mas existe a possibilidade de que em uma determinada área não haja ninguém da classe que o varejista queira atingir”, afirma Sarnelli.

Já o geoprocessamento usa dados para informar onde está o público-alvo de uma marca. Através de empresas especializadas, usam-se estudos que determinam onde está o consumidor com a faixa de renda X, da idade Y, classe Z. O custo é diferenciado, mas o retorno é mais efetivo.

Ferramenta de fidelização

O tabloide nasceu como uma ferramenta de divulgação de ofertas, um mapa de “caça ao tesouro” que o consumidor levava até a loja para encontrar o produto com preço baixo. Porém, pesquisas como a do próprio instituto Data Popular mostram a eficácia desse instrumento como forma de fidelização de consumidores.

Para Sarnelli, da escolha do papel ao layout da página, passando pelo conteúdo – que pode ser noticioso, inclusive –, todos os detalhes contam para segmentar o tabloide de acordo com o seu público. Cada detalhe interage com o target e não pode ser descartado por erros de logística.

Autor: Profa. Dra. Selma Felerico
Fonte: http://www.selmafelerico.com.br/tabloides-direcionados/

Como montar um serviço de distribuição de folhetos

A panfletagem/distribuição de folhetos ainda responde por uma grande fatia dos investimentos em propaganda: é mais acessível e tem cobertura geográfica

Segundo indicadores da Associação Brasileira de Marketing Direto (Abemd), o mercado brasileiro de marketing direto nos últimos 8 anos, tem crescido em média de 12% ao ano. De uma receita anual de mais de R$ 19 bilhões do marketing direto, R$ 2,5 bilhões correspondem ao faturamento das empresas de distribuição e logística de material impresso.

Dentre os segmentos empresariais que mais utilizam as ferramentas de marketing direto, destacam-se as instituições financeiras (24%), as empresas de telecomunicações e utilidades (15%), as editoras (11%), o comércio em geral (9%), a indústria automobilística e de autopeças (8,5%) e as instituições religiosas e de arrecadação de fundos (3,5%). Dois terços do total de negócios em marketing direto são destinados a ações mercadológicas entre empresas e consumidores. O terço restante corresponde a ações entre empresas (business-to-business).

Fonte: www.sebrae.com.br

Geomarketing segmentado

Como escolher o ponto ideal para abrir uma franquia

Ao optar por abrir uma franquia, além de escolher a marca certa para investir, há um outro fator muito importante e determinante no sucesso do empreendimento: a localização.

Mas o que levar em consideração na hora de escolher o melhor ponto comercial para abrir uma franquia? O especialista e consultor em franchising Marcus Rizzo, da Rizzo Franchise, diz que é comum algumas pessoas já terem um local próprio ou da família e, a partir disso, saírem em busca de uma franquia para investir. Mas esse não é o procedimento correto. Ele explica que é melhor focar em buscar um ponto para o negócio, e não um negócio para o ponto.

Na hora da pesquisa de um local, há que se considerar ainda o perfil do consumidor para o negócio (faixa etária, renda, sexo, etc), a característica do negócio (destino – clientes vão até o ponto – ou passagem – clientes passam pelo ponto), negócios próximos que possam atrair clientes para o seu, entre outros. Uma conversa com os comerciantes da vizinhança e uma pesquisa sobre negócios similares que tiveram sucesso ou fracassaram no local também pode ajudar. Além disso, é importante pesquisar bem os valores de aluguel, acessibilidade e visibilidade. Outra dica é visitar o local em horários diferentes para observar o fluxo de pessoas na região e checar a concorrência.

A tarefa de buscar um bom local cabe ao franqueado, mas o franqueador tem por obrigação dar todo o suporte e orientação, fornecendo informações para que seja feita uma boa escolha e aprovando-a antes da concretização do negócio.

O estudo de Geomarketing, que detalha a forma como o mercado se organiza no espaço e analisa variáveis relevantes através de mapas, pode ser um grande aliado no processo de localização de um bom ponto de vendas para a franquia.

Embora ainda não seja muito comum no mercado brasileiro, a Associação Brasileira de Franchising (ABF) já vem realizando alguns trabalhos para mostrar aos franqueados como funciona o serviço, mas é considerado caro, já que o preço aumenta de acordo com a quantidade de detalhes oferecidos. Por isso, quem tem interesse em contratar esse tipo de serviço, precisa ter em mente as informações que precisa obter, considerando, por exemplo, público-alvo, já que muitas respostas oferecidas nem sempre são relevantes para o tipo de negócio.

A sugestão de profissionais é que o estudo de geomarketing seja feito periodicamente, e não apenas uma vez, de forma que seja possível verificar informações que ainda são relevantes e as que precisam ser atualizadas. É importante ressaltar também que o estudo não substitui a ação de um profissional experiente para avaliar pontos de venda, conhecer os imóveis, a rua, visitar a região, etc.

Por Equipe Editorial Pix Blog – 21/01/2015
Fonte: http://www.atitudefranquia.com.br/blog/como-escolher-o-ponto-ideal-para-abrir-uma-franquia-com-estudos-de-geomarketing

A força do Assaí

Com as vendas em alta, baixo custo de operação e a abertura de uma loja por mês no próximo ano, a rede de atacarejo está perto de se tornar o principal negócio do Grupo Pão de Açúcar. Saiba como um atacado voltado para pequenos comerciantes está salvando os resultados do maior varejista do Brasil

Dois assuntos podem fazer o executivo Belmiro Gomes, presidente da rede de atacado Assaí, conversar por horas a fio: tecnologia e as tirinhas do personagem Dilbert, criado pelo cartunista americano Scott Adams, que faz uma sátira inteligente e ácida do ambiente corporativo. Programador de formação, Gomes entrou para o mundo do varejo fazendo manutenção em antigos mainframes, os precursores do computador. Até hoje, por diversão, ele costuma desenvolver softwares – alguns, inclusive, utiliza no dia a dia.

Seu interesse por Dilbert vem do fato de que ele tem sob seu comando 18 mil funcionários. “O componente humano está presente em todos os processos na companhia”, afirma o executivo, que está à frente do Assaí há quatro anos. “Muitas vezes, tomamos atitudes negativas sem perceber.” A habilidade de olhar para si mesmo de forma crítica é, sem dúvida, uma qualidade apreciada no setor de atuação de Gomes. Afinal, o atacado de autosserviço, ou, como é popularmente conhecido, o atacarejo, foi por muito tempo o patinho feio do comércio alimentício.

Voltado para pequenos comerciantes e prestadores de serviço, em especial das classes C e D, o segmento era visto como um negócio quase marginal frente às grande lojas de hiper e supermercados. Nem mesmo os fornecedores tinham simpatia. “Sofremos muita resistência de grandes fabricantes”, diz Gomes. Esses tempos de pouco protagonismo ficaram para trás. O Assaí hoje pode ser considerado a grande estrela do Grupo Pão de Açúcar (GPA), maior varejista do Brasil, que controla também as bandeiras Extra e Pão de Açúcar, no varejo alimentar, além de Ponto Frio e Casas Bahia, no setor de eletroeletrônicos.

A rede é a que mais cresce em faturamento e em participação nos negócios e vem salvando os resultados do grupo. Nos nove primeiros meses deste ano, sua receita aumentou 24,6%, para R$ 7,3 bilhões. O Assaí responde por 14,8% das vendas do GPA. A taxa de crescimento anual da rede é de cerca de 30% desde 2010. Nesse ritmo, o Assaí deve ultrapassar em pouco tempo o Extra Hipermercado, que tem o maior faturamento entre as bandeiras do GPA e cujas vendas caíram 2,8%, para R$ 9 bilhões, no mesmo período.

Já a receita do Extra Supermercado teve uma queda de 3,5%, somando R$ 3,3 bilhões. No total, as operações de varejo alimentar do Pão de Açúcar cresceram 7,2%, para um faturamento de R$ 26,7 bilhões. Até o final do próximo ano, o ritmo de abertura de lojas com a bandeira Assaí será de uma por mês (atualmente, são 87 unidades). A expectativa é de chegar a todas as regiões do Brasil já no primeiro semestre de 2016 (falta a região Norte). Isso considerando que o custo operacional da rede, de 10,6% da receita líquida, é quase metade do registrado pelas outras operações do grupo. “Estamos crescendo de forma mais acelerada”, afirma Gomes. “Mas não é uma competição.”

De fato, a estratégia do GPA tem sido a de tornar o varejo alimentar cada vez mais “multicanal”. O hipermercado vem perdendo espaço na agenda dos brasileiros, que prefere comodidade. As chamadas lojas de proximidade, com as bandeiras Minimercado Extra e Minimercado Pão de Açúcar, se tornaram as vedetes do grupo. Sem muito alarde, no entanto, o Assaí ocupou um espaço que não estava previsto inicialmente. A crise mudou os hábitos de compras e levou para o atacarejo uma enxurrada de novos consumidores.

“Vemos que as famílias brasileiras não conseguem mais manter seus padrões de compra”, afirma Christiane Pereira, diretora comercial da Kantar Worldpanel, especializada em dados de consumo. “Há uma racionalização intensa nas decisões de compra.” Uma forma de economizar é comprar em grandes quantidades, o que só é possível nas redes de atacarejo, como Assaí ou seus concorrentes Roldão e a líder Atacadão, que pertece ao varejista francês Carrefour, maior rival do Pão de Açúcar no País. A importância do Atacadão para seu controlador é ainda maior.

Ele responde por 55% das receitas da empresa no Brasil, que foram de R$ 37,9 bilhões no ano passado. Segundo dados da consultoria Nielsen, os hipermercados perderam 4,2 milhões de clientes entre abril de 2014 e abril deste ano. Hoje, a tendência é que o consumidor faça uma grande compra por mês de produtos básicos, como higiene e limpeza e não perecíveis, no atacarejo, complementando a cesta com itens mais sofisticados e de baixo consumo nas lojas de bairro. Gomes vê isso acontecendo claramente em suas lojas.

“Temos dois tipos de cliente, o que vem todo dia para abastecer seu comércio e o pessoa física, que passa uma vez por mês”, diz o executivo. O segredo para agradar a clientela diversa, entretanto, não é mudar a cara do mercado. “Continuamos pensando no cliente pessoa jurídica em primeiro lugar”, afirma Gomes. A estratégia é bem sucedida por um motivo simples: preço. Comerciantes sabem de cor e salteado o quanto pagaram por cada item de suas compras. Isso força o Assaí a fugir da lógica tradicional dos supermercados de “jogar” com as margens dos produtos, fazendo promoções pontuais para atrair a clientela, mas aumentando os ganhos em outras mercadorias.

Para manter o preço baixo, o Assaí trabalha com três variáveis. A primeira é manter baixo o custo da operação. Ainda que as lojas tenham evoluído em termos de conforto, especialmente pela adição do ar condicionado, elas são simples, com piso de asfalto, prateleiras até o teto e sem muita decoração. A segunda variável é a negociação com os fornecedores. Esse já foi um desafio importante, uma vez que muitas empresas viam com maus olhos o atacarejo. Fabricantes costumam querer controlar toda a logística de entrega.

Não era negócio ter um intermediário entre o produtor e o pequeno comércio. Isso mudou depois que marcas de menor expressão começaram a explorar o atacarejo. O maior exemplo é a Quero, produtora de molhos e condimentos comprada pela americana Heinz, em 2011. Antes da negociação, seus produtos eram vendidos exclusivamente por esse canal de vendas. O motivo para isso está na terceira variável: logística. “É muito caro e complexo entregar de porta em porta nos grandes centros urbanos”, afirma Gomes.

Foi com o objetivo de facilitar o acesso de pequenos varejistas das regiões periféricas das grandes cidades a todo tipo de produto que o empresário Rodolfo Nagai criou o Assaí, na década de 1970. Ele vendeu o negócio ao GPA em 2010, por cerca de R$ 400 milhões. Esse conceito está voltando a permear a estratégia da rede. Suas novas lojas funcionam, literalmente, como centros de distribuição. Todas as mercadorias são estocadas localmente. As carretas entregam diretamente nas lojas, cujo tamanho mínimo é de 15 mil metros quadrados construídos. “Na prática, muitos comerciantes mantém seus estoques no Assaí”, diz Gomes.

“Eles chegam a vir três vezes por dia.” Para o fornecedor, é bom por que reduz custo de logística. Para o comerciante, é bom por que ele pode manter um estoque mais baixo e aumentar a variedade de produtos. Não é só no Brasil que o atacarejo está crescendo e ameaçando os tradicionais hipermercados. Nos Estados Unidos o poderoso Walmart sofre com a concorrência do Costco, um atacado de autosserviço muito semelhante ao Assaí e ao Atacadão. A rede, que opera também no Canadá, na Europa e na Ásia, tem planos de abrir 32 lojas nos próximos 12 meses.

Seu faturamento no último ano fiscal, encerrado em agosto, foi de US$ 116 bilhões. Já o Walmart, maior varejista do mundo, anunciou na quarta-feira 4 que prevê uma queda de 12% no lucro neste ano. O gigante está envolvido em um processo de reestruturação de suas lojas para estancar a perda de clientes. A questão é que, como bem disse Dilbert em uma de suas tirinhas, “grandes corporações aceitam a inovação da mesma maneira que os dinossauros aceitaram os grandes meteoros”. Os números mostram que, hoje, é o atacarejo que dá as cartas e as estimativas são otimistas. Nesse sentido, Dilbert também ensina que “ninguém acredita em previsões, mas todo mundo quer ouvi-las”.

Fonte: IstoÉ Dinheiro por Rodrigo Caetano – 12/11/2015